terça-feira, 30 de novembro de 2010

Decisões e opções

Fernando Savater escreveu em Ética para um jovem, que "pode-se viver de muitas maneiras, mas há maneiras que não nos deixam viver". Quando li esta frase, ficou-me a bater cá dentro até hoje. O que eu ainda não consigo perceber é em que parte do meu corpo ficou registada, se na minha cabeça ou no meu coração.
Há muita coisa que a idade nos trás, mas para mim, o que me custa mais neste processo de consciência adulta são as decisões. E quando falo de decisões não me refiro só aquelas que todos temos de tomar para construir um futuro: aceitar aquele trabalho ou  o outro, se poupamos para um carro ou para uma viagem, se vamos para uma cidade diferente ou se ficamos na mesma- estas podem custar mas apenas porque se quer ter tudo e é sempre difícil de optar, portanto é uma decisão a roçar a opção. As decisões que eu falo são daquelas que não nos apercebemos das opções e quando damos por ela quase que não temos alternativa. Ou é, ou não é. Ou se fica ou se sai. Ou se releva ou se amarga. E depois pensamos: "Como raio é que cheguei até aqui? Como é que isto ficou assim sem eu me ter apercebido? E agora?" E quando começamos a fazer estas perguntas apercebemo-nos, de uma forma quase automática, que alteraram a nossa vida.
A questão é que nós podemos sempre escolher tudo o que vivemos. Em algum dia  tudo isso foi uma opção nossa. Escolhemos ir para a direita em vez de ir para a esquerda, escolhemos ir embora do que ficar, escolhemos não aturar mais e cortar tudo a eito. E se é verdade que no dia que as opções foram tomadas estávamos convencidos que eram as melhores na altura, não quer dizer que mais tarde não se sinta a falta, não se pense no assunto e não é verdade que não questionamos tantas vezes porque é que afinal não fizemos tudo diferente.
As pessoas não são perfeitas, claro que não, e todas elas têm um lado negro,só que é difícil saber lidar com isso. E é daí que nascem as decepções, os desencantamentos, as tristezas que nos deixam tão tristes, com um sentimento de injustiça e ingratidão tão fortes como um murro no estômago. Ter pena que as coisas tenham chegado a este ponto não vai aliviar o que sentimos, mas tentar mudar atitudes que tiveram connosco também  não é uma opção. Voltámos ao mesmo. Optamos por nos afastar e esperar... que a maneira que escolhemos para viver, nos deixe viver dessa maneira. Ou então não... e decidimos tudo outra vez!

1 comentário:

Pequenos e divertidos disse...

Pois é exactamente numa fase dessas em que me encontro, todas as atitudes têm consequências e temos que viver com elas, apesar de muitos efeitos colaterais só serem revelados com o tempo, o fundamental é tentar aceitar que as outras pessoas não vão agir da forma como tu estás à espera, porque elas simplesmente são diferentes ;)