terça-feira, 31 de maio de 2011

Missão Possível

Através da página do Facebook de uma amiga tive conhecimento deste projecto. Conhecendo a minha amiga como conheço sei o quão empenhada há-de estar para conseguir tudo o que seja necessária para levar esta missão a bom porto. Sei que a Tulipa é lida, por pessoas que ambas conhecemos, mas tendo o número de visitas aumentado consideravelmente, aproveito para pedir aos meus leitores que espreitem o Blogue Missão Possível e contribuam da forma como poderem.
É um projecto que gosto particularmente porque eu própria, a alguns anos atrás, gostaria ter estado inserida num. Não houve oportunidade, mas espero um dia fazê-lo!
A vocês, Voluntárias, desejo-vos aquilo que se pode desejar a quem tem um enorme coração: muito amor para dar quando chegarem ao terreno!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

28 e um Cubo Mágico!

E o meu dia está a terminar. Acho que nunca passei um aniversário tão introspectivo como este. Chegar aos vinte e oito foi um misto de sensações. Por um lado consegui quase tudo a que me propus, por outro imaginava a minha vida, com esta idade, diferente do que é. Não que seja má, longe disso, mas ainda não me sinto realizada. E gerir expectativas já é difícil, então quando se trata do nosso projecto de vida fica mais complicado. Pela primeira vez quis adiar os meus anos até sentir-me mais realizada, mais completa, mais serena só para entrar na nova idade de coração mais tranquilo. É que me está mesmo a custar ajustar os meus sonhos à minha realidade. 
A vida muda, o nosso mundo altera-se e as pessoas que faziam parte dele, aos poucos, vão deixando de o fazer. Os vinte sete foi a tomada de consciência, a zanga, a incompreensão, a luta, a triagem, a aceitação. Admito que foi custoso adaptar-me a um crescimento em que tive de tirar os óculos cor-de-rosa da cara, aceitar que as vontades, os sentimentos, as opções de quem gostamos mudam e que nós mudamos também juntamente com as nossas vontades, sentimentos e opções. Deve ser por isso que as pessoas só estão na nossa vida por um determinado tempo e que, maior parte das coisas na vida, são passageiras. Mas por outro lado houveram pessoas que entraram directamente pela porta do coração, que muito o aqueceram. E a essas pessoas, um sincero obrigada! Não por terem entrado, mas por terem querido ficar e ajudar-me neste ano difícil que passou. De formas pequeninas e muitas delas, aos vossos olhos invisíveis, tiveram um papel muito importante.
E pronto, por hoje é isto. Sinto-me mais ou menos como um cubo mágico: sei que tenho todas as cores que batem certo, mas neste momento ainda estou toda trocada. Ainda não descobri é se a vida é a eterna tentativa de pôr as cores todas no lugar certo, ou se tem tudo que bater certo para viver a vida!
Eu sei, isto hoje está confuso... como eu!

domingo, 29 de maio de 2011

Palavras que poderiam ser minhas by A Pipoca Mais Doce

Acabei de ouvir Marinho Pinto (o Bastonário da Ordem dos Advogados) a dizer que a prisão preventiva dos delinquentes que promoveram aquela bonita cena de espancamento a uma miúda não faz sentido nenhum e que temos um sistema judicial "da Idade Média". Marinho Pinto desvalorizou completamente a gravidade do que aconteceu, e eu pergunto-me como é que uma pessoa com o cargo e as responsabilidades que ele tem pode vir a público dizer tamanha parvoíce. É que isto é praticamente um incentivo a que outros miúdos estúpidos e mal formados se lembrem de fazer o mesmo, por não ser assim tão grave e por até haver quem ache que a prisão preventiva é um claro exagero. Não sou inocente ao achar que esta situação foi um caso único e pontual. Infelizmente, deve ser o pão nosso de cada dia por este país fora. Mas esta, por sorte ou por azar, foi parar à televisão e ganhou proporções inimagináveis. Talvez assim jovens como estes percebam, finalmente, três coisas:1) Que os seus dramas adolescentes (e insignificantes) não se resolvem à pancada e que é preciso que alguém lhes ensine isso;2) Que mesmo que achem que ao estalo e ao pontapé assumem uma posição dominante, ao menos que sejam espertos o suficiente para não o filmarem e, sobretudo, para não espetarem com essa merda no Facebook. Eu sei que é fixe darem aquele ar de quem faz e acontece, mas isso só vos vai fazer parecer idiotas à escala nacional;3) Que os actos, às vezes, têm consequências. Consequências essas que podem implicar ir ver o sol aos quadradinhos em Tires e no EPL;Dizer que são crianças e que a prisão preventiva é uma pena demasiado severa é dar carta branca a outros marginais que por aí andam. Lamento, mas pessoas que se portam como delinquentes, devem ser tratadas como tal. E 15, 16 e 18 anos são idades em que se tem plena consciência daquilo que se faz. Somos todos mais parvos e inconsequentes com essa idade? Somos, é verdade. Mas também não estamos a falar de crianças de colo ou de maluquinhos que não sabem o que fazem. As duas miúdas que agrediram e o miúdo que filmou sabiam bem o que estavam a fazer. Só não sabiam (porque a burrice também é uma coisa comum a estas idades) que ia dar no que deu. Sinceramente, não tenho pena. Nem acho que se deva ser brando ou condescendente.

Poste publicado em http://apipocamaisdoce.clix.pt/  

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cerejas e um bom fim-de-semana

Um fim-de-semana inteirinho dedicado a comida bem boa na casa dos avós, chapinhar no rio Sabor, respirar ar puro no meio dos montes, encher a barriga de cerejas apanhadas directamente das árvores, tardes no terraço à conversa, noites à procura da Ursa Maior, cheiro de pão acabado de sair do forno e muito dolce fare niente! Ora então até segunda! 



Percebe-se que o nosso cabelo está enorme, quando demoram quase hora e meia a esticá-lo / secá-lo e pagamos mais do dobro do que o costume. Nem quero lembrar quando for para fazer nuances. Ai casamentos, casamentos é este ano que me levam à falência!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ainda a má educação

Quem lê este blogue, principalmente em dias que eu estou mais irritadiça, deve-me achar pouco tolerante. E sou! Há coisas que não tolero, de todo. Uma delas é a falta de bom-senso nas pessoas, principalmente as que não sabem viver em sítios com mais gente. Toda a minha vida vivi em apartamentos, paredes com paredes com outros apartamentos e com outros prédios. E uma das grandes chatices dos prédios é a fraca insonorização que costumam ter. Por norma já é fraca, então nos prédios antigos costuma ser péssima. Em Lisboa tinha uns vizinhos de cima que eram uns autênticos ogres, apesar de sempre que eram chamados atenção puxavam dos galões que eram licenciados não sei em quê! E acho que foi aí que a minha teoria, de que formação académica não é igual a boa educação, ganhou mais força. Quando pensava que brevemente me iria livrar de gente estúpida como aquela, eis que no prédio ao lado do da minha mãe, no andar ao lado do nosso, no quarto que divide parede com o meu, vivem lá... ogres! Ah pois é! Que parece que quanto mais o tempo avança, mais gente estúpida existe. Alias, devia-se fazer uma tese sobre essas proporções. A quantidade de pessoas mal formadas em relação ao avançar do tempo moderno. Porque modernos só se forem as tecnologias, porque a boa educação anda num decréscimo alucinante. Então pronto é isto. Parece que do outro lado da parede do meu quarto, existe uma cambada de gente muito pouco dada a princípios, em que às três da manhã estão a falar como se estivessem a fazer promoção às couves na praça, e de repente parece que tenho o mercado dentro do meu quarto. Com direito a uns belos palavrões e tudo. Vocês perguntar-se-ão: "mas onde raiu é que ela mora?" Pois, eu própria também me faço essa pergunta. "O que raiu aconteceu a estes prédios, que sempre foram de uma vizinhança impecável, cheia de boa educação, civismo e respeito, e agora está nisto? Como é que isto se transformou desta forma?" E depois há outras coisas que são: o que fazer quando dividimos paredes com ogres como estes? É que se formos educados e chamar a atenção, eles reagem mal e são mal educados, para não dizer que são umas bestas. Se houver um dia que nos passamos da cabeça e damos pancadinhas na parede para avisar do barulho, ripostam com tamanha força que parece que a parede vai cair. Se chamamos a polícia, no dia a seguir se calhar é melhor passar a olhar por cima do ombro, sabe se lá do que aquela gente é capaz. Portanto assim de repente, dá-me vontade de lhes desejar uma coisinha má para ver se eles se põem a andar dali para fora! Faz de mim má pessoa? É que tenho andado a pedir a todos os santos que se ponham andar dali depressinha! 



P.S. Entretanto enquanto cá estão, se algum advogado, ou jurista, ou alguém com informações úteis, lêr isto, digam-me por favor o que devo fazer, para não me passar e não lhes desejar tão mal como desejo. Agradecida. Eu no fundo, no fundo, sou um amor de menina.

Falta de civismo ou como um parzinho de estalos não fazia mal a ninguém!

A falta de civismo é daquelas coisas que me deixam muito, muito, muito zangada. Pessoas que não respeitam outras, que não respeitam regras, que não respeitam direitos básicos mereciam um bom par de estalos. A mim, quando vejo coisas que me fazem fervilhar, vontadinha não me falta. Já se viu que pelo bom-senso e pela conversa, com pessoas deste tipo, não se vai lá.
Em frente ao sítio onde trabalho há lá dois estacionamentos para deficientes e centenas de estacionamentos normais. Pois que as pessoas devem ter muito medo de andar a pé e onde é que estacionam os carros? Claro! Nos lugares reservados a quem tem dificuldade de locomoção. E como se não bastasse ocupar um lugar, ocupam logo os dois que dá muito trabalho fazer manobras. Há uns dias assisti a coisas verdadeiramente estúpidas. Pessoas a tentar estacionar em lugares que não cabia lá um smart. Mas que mesmo assim, não desistiam, mesmo depois de baterem em todos os carros laterais. Quando finalmente desistem, e já depois de pôr faróis dos carros estacionados no chão, vão-se embora como se nada fosse! Minha gente o que é isto???? Não dá vontade de ir atrás da pessoa e trazê-la por uma orelha? 
Ah, outra coisa que também me anda a espantar muito é a falta de educação, mas de pessoas mais velhas. Lembro-me de conversas, quando era mais nova, entre pessoas adultas a queixarem-se que os jovens de agora são antipáticos, mal educados, agressivos a falar. Eu, sendo da geração jovem de quem tanto falavam digo que a má educação e antipatia vêm de pessoas com idade para terem uma educação bem melhor. Seja com pessoas da mesma idade, seja com pessoas mais novos, que boa educação não tem idade. 
Outra coisa que também acho muita graça é a pessoas que estacionam carros a trancar outros, e que depois quando regressam e os carros trancados reclamam, eles ainda são mal educados. E eu que no ciclo aprendi que Portugal fazia parte dos países desenvolvidos...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

E há lá melhor maneira de acabar a semana do que ir à Disney-das-casas, que é como quem diz ao Ikea? Vou tentar não trazer tudo o que vir e ficar só pelo que preciso. Prometo que me vou esforçar! Mas vai ser tão difícil!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Irmã mais velha

Qualquer criança pequenina, principalmente as meninas, sonham em ter uma irmã para brincar. Então se for mais velha, admiram-na e olham para ela como o modelo a seguir. Porque é muito bonita, porque nos protege, porque nos trata como se fossemos as suas bonequinhas especiais. E nós adoramos esses miminhos, esses momentos que nos fazem sentir únicas. Mesmo quando as irmãs não o são de sangue, há laços que se formam.
Apesar da minha mãe só me ter tido a mim, quando era pequenina tinha uma irmã de coração. Cinco anos mais velha, que eu adorava e só queria ser como ela. Era a mais linda, até das minhas amigas da escola. Tinha um enorme cabelo loiro que eu passava horas a pentear. Tinha a cara mais delicada a quem eu não me cansava de fazer festinhas e ela, sempre muito paciente comigo, passava horas a deixar-me trata-la como se fosse a minha boneca. Apesar de ser mais pequenina e ainda andar na primária, gostava que ela me contasse os seus dias de adolescente e que me tratasse como a sua confidente. Eu bebia todos os seus conselhos, achava graça a todas as suas piadas e era leal em todas as asneiras. Foi ela que me ensinou as músicas do Bryan Adams e dos Roxette, foi com ela que fui passar as primeiras férias ao Algarve, era com ela que dormia quando a minha mãe trabalhava por turnos, foi ela que fez o meu trabalho de geografia do sétimo ano, foi ela que me fez o meu primeiro trabalho a computador para a escola, foi com ela que fui comprar as minhas primeiras All Star iguais ás dela, era ela que me fazia rir às gargalhadas até me doer a barriga. É difícil, se não impossível, imaginar a minha vida até aos treze anos sem ela. Foram muitos os dias, os meses e os anos partilhados, as férias divididas e as noites juntas.   
Lembro-me do dia que ela entrou para a Universidade eu sentir muita vontade de chorar. O meu coração estava apertadinho e tinha uma voz que me dizia que nunca mais iria ser igual ao que era. Como se tivéssemos chegado ao fim da estrada e agora éramos obrigadas a separar-nos. E separámo-nos! Eu cresci, acabei o ciclo, fui para o secundário e a vida seguiu. De repente, e sem conseguir explicar como, perdemo-nos o rasto. Eu mudei de casa, a casa dela deixou de ser nos andares acima da minha, e eu fiquei sem a minha inspiração de como era ser crescida. Até 2ª feira passada. Porque há dias que estamos a fazer o trabalho certo, no dia certo, à hora certa. E por intermédio de alguém que conseguiu reconhecer a minha cara desde os dez anos, chegou a mim, e quando me falou no nome dela eu rejubilei. Os meus olhos brilharam, o meu sorriso rasgou-se e o meu coração começou a bater muito depressa. À noite, o Facebook foi a minha lupa de procura no meio de tantas meninas com o nome dela, mas nenhuma tão linda como ela continua a ser. Encontrei-a. E as lágrimazinhas quiseram saltar. De saudades, de alegria, de beleza, de emoção por ver como a vida dela seguiu e de felicidade por vê-la tão feliz. Encontrei-a! Uma semana antes dos anos dela e duas semanas antes dos meus. Foi uma prenda de anos adiantada muito, muito especial. Do fundo coração, posso não receber mais nada, mas também não quero. Encontrei a minha Lili e isso vale mais que todos os presentes embrulhados em papel!  Melhor que a ter encontrado, só quando estiver com ela e lhe puder dar o mais apertado dos abracinhos. Daqueles que são dão ás irmãs de quem gostamos muito, muito, muito!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Uma vida em caixotes


 Desceu sobre mim o espírito das arrumações. Até a minha mãe anda admirada comigo por à meses não dizer a velha frase que ouço desde os seis anos: «ou arrumas o teu quarto ou eu abro a janela e vai tudo parar lá baixo!» De vez em quando dou com ela a olhar da porta com ar desconfiado e a abrir as portas do roupeiro para confirmar que não está tudo a monte lá para dentro. E não está. Está tudo arrumadinho nas gavetas, roupa de inverno separada da do verão. Casacos para um lado, vestidos para o outro. Tão arrumado que até me sobrou uma gaveta vazia. Como é que cheguei a este ponto? Pois não sei! Mas posso dizer que me deu uma trabalheira do caracinhas. É que para além de desarrumada tinha o péssimo defeito de guardar tudo. Sou daquelas pessoas que não se desfaz de nada. Um papelinho com um recadinho bonito, um clip em forma de mola que alguém me ofereceu, cabos de antigas máquinas de calcular, estojo da primária, canetas de feltro das aulas de EVT da altura do ciclo e o diabo a sete. Já ficam com uma ideia da quantidade de tralha que tinha. Agora multipliquem por duas casas. Esta e a de Lisboa! No dia em que o meu tempo de estadia em Lisboa chegou ao fim e voltei para a minha cidade 'mailinda', estava longe de imaginar a dor de cabeça que ia ter em encaixotar tudo. Ingenuamente estava convencida que encaixotava tudo em duas horas e sem grandes preocupações. Mentira. Pura mentira! Assim que comecei a abrir gavetas da secretária foi logo ali um enfrentar de realidade que me fez fechar a gaveta de imediato, sentar-me no sofá e pensar "daqui a bocado já lá vou, pode ser que tenha visto mal e não tenho tanta tralha como parece." Oh triste realidade. Comecei às duas da tarde, acabei às sete da noite. Entre encaixotar, arrumar, fazer triagem, sacos e sacos de lixo e de roupa para dar e de velharias e de indecisões, eram oito da noite quando sai de Lisboa, com o carro atolado até ao tecto qual carrinha de ciganos nómadas. Era raro o carro que passava por nós que não ficava a olhar lá para dentro. Travar era quase impossível, não viessem coisas disparadas para a frente. Mas o pior ainda estava para vir. Que era chegar a Aveiro e alombar com todos os caixotes escada acima com a minha mãe a olhar para mim com cara de «ai a minha rica casinha, que estava tão arrumada e vem-me esta maluca com coisas cá para dentro que já deviam estar na sucata à cinco anos». Ele era caixotes no hall de entrada, na sala, na cozinha, no meu quarto, livros e livros e livros, edredons, dvd's, cd's, sebentas da faculdade, impressora e tudo o que uma pessoa acumula em meia dúzia de anos de vida, principalmente, quem tem sorte de ter uma casa só para ela, onde espaço não falta. E acho que foi aí nesse momento, em que olhei à minha volta e vi a minha mãe com um misto de felicidade por me ter em casa outra vez e mortinha para me voltar a pôr a andar só para se ver livre de tanta confusão, que desceu em mim o espírito do desprendimento e arrumação. Em metade de um dia desfiz-me de coisas que já não usava, que já não vestia, que já não queria e que até então tinha sempre pena de me desfazer delas. No último sábado fiquei desprovida de apegos e ficou cá em casa só e apenas aquilo que era importante, aquilo que uso, aquilo que quero. O quarto ficou (quase) impecável. Falta uma pequena estante mas é coisa que se resolve brevemente. E já passaram quatro dias e o quarto mantém-se sem roupa em cima da cama nem na cadeira, sem sandálias e sem sapatilhas no chão, o saco do ginásio no devido lugar. E melhor, com a minha mãe a pensar que os anos que morei sozinha foi o seu melhor investimento.

Aurea

Há muito que andava a ouvir falar desta menina. Em revistas, em rádio, em televisão, ouvia entrevistas quase todas as semanas, mas nunca lhe tinha prestado atenção. Conheci-lhe o nome, comecei a ter percepção que era muito elogiada, mas continuei sem me interessar muito. Até que um dia reparei que uma canção que eu passava a vida a cantarolar era dela. E eu a pensar que era o novo single da Joss Stone. Imaginem! Que é coisa que me está sempre a acontecer. Ouço o nome das pessoas não lhes ligo e nem os associo à música. Até que chego ao dia em que junto a pessoa com a canção. E rendi-me. Quando vi o cartaz da semana académica de Aveiro e estava lá Aurea, mesmo só conhecendo uma música, tratei logo de arranjar bilhete e recrutar amigas e namorado para irem comigo. E só posso dizer que foi para lá de ES-PE-TA-CU-LAR! Primeiro tem uma voz para lá de maravilhosa, tem uma presença em palco cheia de boa onda, com muita descontracção e muita naturalidade. Parece uma boneca que nunca para e linda, linda, linda que só ela! Prometi ali mesmo que a ia ver num concerto a sério num Coliseu qualquer. Porque merece. Porque é uma excelente cantora, uma fantástica artista e, se conseguiu entreter e calar e por a cantar centenas de estudantes numa semana académica, nem quero imaginar o grande espectáculo que pode dar num concerto a sério. Fã. Fiquei fã!

O Biggest Loser e o Peso Pesado


É de conhecimento público que adorava o meu Biggest Loser. Às 18:15 e a partir das 23:30 lá estava eu colada à Sic Mulher a vibrar com os desafios, a roer as unhas nas pesagens, a lacrimejar com as conquistas dos meus favoritos. E no fim-de-semana, quando dava o compacto da semana, voltava a ver tudo de novo da mesma maneira como da primeira vez. Portanto imaginem a minha tristeza quando acabou a temporada nove e eu, que estava convencidíssima, que a temporada 10 começava de enfiada, não apareceu. E agora o que é que eu vejo à minha hora do lanche? E depois da novela Laços de Sangue mudo para onde? Meus amigos, isto não pode ser assim. Vamos lá ver uma coisa. Não é justo habituarem as pessoas a programas espectaculares e depois não darem seguimento. Orientem-se se faz favor porque tenho saudades da Jillian (já disse que queria uma para mim? Um dia faço um post só para ela), do Bob, da Ali, dos concorrentes que não conheço, dos desafios que ainda não vi e das balanças gigantescas a mostrar quem perde dez quilos por semana. Décima Temporada volta por favor!

Já agora, que estamos a falar no Biggest Loser, deixem-me dizer que o Peso Pesado é assim uma versão muito pobrezinha e muito coitadinha da versão americana. E até fico chateada como é que a Sic conseguiu dar cabo de um programa que tinha tudo para ser um sucesso. Para começar, aquela música do genérico é de fugir. A Júlia Pinheiro está para a apresentação daquele programa como um elefante está numa loja de louças. Faz daquilo uma espécie de encontros imediatos para arranjar pares e durante o programa de domingo fala, fala, fala, fala e as pesagens tornam-se uma seca! Os concorrentes, são normais à luz da cultura portuguesa. O que é que isto quer dizer? Não sei. Apeteceu-me. Quando alguém é expulso, e sendo que o programa já está a ser gravado à semanas, estava à espera de ver como é que a pessoa ficou depois de sair do programa e quantos quilos perdeu, mas isso não acontece. E nós ficamos sem conhecer o antes e depois. Está mal! Eu sei que sou uma crítica do programa português por gostar tanto da versão americana, e também já não estava à espera que fosse com a mesma qualidade. Mas não precisava de ser tão fraquinho!

Strauss-Kahn


Tenho uma séria dificuldade em perceber algumas cabeças e, consequentemente, algumas atitudes. Custa-me entender como é que um homem de 70 anos, aparentemente equilibrado, com uma profissão de enorme responsabilidade a nível europeu põe uma vida de trabalho em risco por um acto sexual. Eu já nem falo no facto de ser uma pessoa imensamente instruída, que isto está mais que provado que os graus académicos não são sinónimo de boa educação e de bom carácter, mas uma pessoa com uma enorme visibilidade pública e com responsabilidades políticas tentar violar alguém, é qualquer coisa de indescritível. É doença? É desequilíbrio emocional? Ainda por cima este senhor é pai de uma rapariga. Será que em momento algum lhe passou pela cabeça que a sua filha, um dia, pode ser sujeita a um animal como ele estava a ser? 
Logo no dia a seguir insurgiram-se imensas pessoas em França que o senhor presidente do FMI estava a ser tratado como um vulgar criminoso. Peço desculpa, mas um homem que tenta violar alguém vai ser tratado como? Por sr dr violador? São os títulos académicos, os graus de mestre e de doutor que fazem com que uma tentativa de violação seja esquecida de forma automática? É nisto que gosto nos EUA. Não há cá poderosos, não há cá presidentes de não-sei-do-que. Cometeu um crime, vai preso e fica lá a pensar na vidinha. Se isto tivesse acontecido num país da Europa, o senhor andava feliz e contente ao ar livre, à espera de um inquérito qualquer que nunca chegaria a conclusão nenhuma. Ainda vinha fazer choradinho aos programas de televisão e a vítima ainda ia ser acusada de querer subir na vida á custa de escândalos e com sorte, processada por difamação. Sorte a de todos que o caso foi na América e assim, está numa cela pequenina, a pensar numa maneira de manter o fecho das suas calças fechado. E é muito bem feito!

De volta


 Um começo novo, uma página em branco, um livro novinho, uma oportunidade nova, um início de qualquer coisa trás expectativa, formigueiro na barriga, entusiasmo, esperança. E dá aquela boa sensação que daqui para a frente vamos fazer as coisas de maneiras diferentes, não vamos cometer os mesmos erros, não vamos falhar em nenhum sítio nem com ninguém. A vontade de começar é muita e a de provar que somos pessoas infalíveis e dedicadas é ainda maior. Também damos por nós a pensar porque é que não tomamos esta atitude ou esta decisão à mais tempo, porque é que desperdiçamos tanto tempo se agora é que estamos bem, se agora é que estamos certas dos nossos projectos. E é aqui, nesta pequena fronteira da animação com a actualidade, que roça o arrependimento. Que nos faz olhar para trás. Que nos faz fazer mil e uma perguntas. E quando damos por ela, voltámos a cair no mesmo erro que é estar a chorar o passado em vez de continuar a celebrar o presente. É uma merda é o que é. Isto deve ser genética, só pode! Por mais que se prometa não pensar nas (más) decisões que se tomaram e continuar para a frente, parece que mais elas nos batem na cabeça e nos angustiam o peito. Há pessoas para quem é uma luta aprender a ver o copo meio cheio em vez do copo meio vazio. Tipo eu! Que por mais que rejubile de ter conseguido o que quis e a que me propus nos últimos meses, o atraso das minhas decisões quase que conseguem superar a minha alegria. Penso que se não tivesse demorado tanto já teria imensa obra, imensas coisas conquistadas. Já sei que me vão dizer que quando se toma uma decisão, foi porque nos pareceu a melhor na altura. Mas eu sou uma perfeccionista virada ao contrário. Que é como quem diz, quanto mais perfeito quer fazer mais merda faço. Não é por mal. Juro! Depois até lá dou a volta e as coisas entram no eixo. Mas eu faço realmente tudo ao contrário. Meto-me em dores de cabeça desnecessárias. E depois, pronto... sinto-me assim... com o futuro nas minhas mãos a depender só e unicamente de mim e fico a lamentar anos que já passaram. 
Desde muito nova, quando existia alguma coisa que me trouxesse dor de cabeça penso logo que por mim voltava a nascer naquele minuto. Por mim estava sempre a recomeçar. A chatice é que eu bem tento recomeçar, e ao mesmo tempo, a vida corre. E  quem se preocupa em recomeçar sempre tudo de novo, perde a vida que continua a existir todos os dias. Tenho um relógio avariado dentro de mim e eu já ando fartinha de andar contra o tempo. Isto tem de acabar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Palavras que nunca morrem, num País que nunca muda!

Precisa-se de matéria prima para construir um País 
Eduardo Prado Coelho - in Público


A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. 
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO. Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país:
 -Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns. Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta. 
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias. Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI
QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa ?... MEDITE !


EDUARDO PRADO COELHO