quarta-feira, 18 de maio de 2011

De volta


 Um começo novo, uma página em branco, um livro novinho, uma oportunidade nova, um início de qualquer coisa trás expectativa, formigueiro na barriga, entusiasmo, esperança. E dá aquela boa sensação que daqui para a frente vamos fazer as coisas de maneiras diferentes, não vamos cometer os mesmos erros, não vamos falhar em nenhum sítio nem com ninguém. A vontade de começar é muita e a de provar que somos pessoas infalíveis e dedicadas é ainda maior. Também damos por nós a pensar porque é que não tomamos esta atitude ou esta decisão à mais tempo, porque é que desperdiçamos tanto tempo se agora é que estamos bem, se agora é que estamos certas dos nossos projectos. E é aqui, nesta pequena fronteira da animação com a actualidade, que roça o arrependimento. Que nos faz olhar para trás. Que nos faz fazer mil e uma perguntas. E quando damos por ela, voltámos a cair no mesmo erro que é estar a chorar o passado em vez de continuar a celebrar o presente. É uma merda é o que é. Isto deve ser genética, só pode! Por mais que se prometa não pensar nas (más) decisões que se tomaram e continuar para a frente, parece que mais elas nos batem na cabeça e nos angustiam o peito. Há pessoas para quem é uma luta aprender a ver o copo meio cheio em vez do copo meio vazio. Tipo eu! Que por mais que rejubile de ter conseguido o que quis e a que me propus nos últimos meses, o atraso das minhas decisões quase que conseguem superar a minha alegria. Penso que se não tivesse demorado tanto já teria imensa obra, imensas coisas conquistadas. Já sei que me vão dizer que quando se toma uma decisão, foi porque nos pareceu a melhor na altura. Mas eu sou uma perfeccionista virada ao contrário. Que é como quem diz, quanto mais perfeito quer fazer mais merda faço. Não é por mal. Juro! Depois até lá dou a volta e as coisas entram no eixo. Mas eu faço realmente tudo ao contrário. Meto-me em dores de cabeça desnecessárias. E depois, pronto... sinto-me assim... com o futuro nas minhas mãos a depender só e unicamente de mim e fico a lamentar anos que já passaram. 
Desde muito nova, quando existia alguma coisa que me trouxesse dor de cabeça penso logo que por mim voltava a nascer naquele minuto. Por mim estava sempre a recomeçar. A chatice é que eu bem tento recomeçar, e ao mesmo tempo, a vida corre. E  quem se preocupa em recomeçar sempre tudo de novo, perde a vida que continua a existir todos os dias. Tenho um relógio avariado dentro de mim e eu já ando fartinha de andar contra o tempo. Isto tem de acabar.

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