quinta-feira, 19 de maio de 2011

Irmã mais velha

Qualquer criança pequenina, principalmente as meninas, sonham em ter uma irmã para brincar. Então se for mais velha, admiram-na e olham para ela como o modelo a seguir. Porque é muito bonita, porque nos protege, porque nos trata como se fossemos as suas bonequinhas especiais. E nós adoramos esses miminhos, esses momentos que nos fazem sentir únicas. Mesmo quando as irmãs não o são de sangue, há laços que se formam.
Apesar da minha mãe só me ter tido a mim, quando era pequenina tinha uma irmã de coração. Cinco anos mais velha, que eu adorava e só queria ser como ela. Era a mais linda, até das minhas amigas da escola. Tinha um enorme cabelo loiro que eu passava horas a pentear. Tinha a cara mais delicada a quem eu não me cansava de fazer festinhas e ela, sempre muito paciente comigo, passava horas a deixar-me trata-la como se fosse a minha boneca. Apesar de ser mais pequenina e ainda andar na primária, gostava que ela me contasse os seus dias de adolescente e que me tratasse como a sua confidente. Eu bebia todos os seus conselhos, achava graça a todas as suas piadas e era leal em todas as asneiras. Foi ela que me ensinou as músicas do Bryan Adams e dos Roxette, foi com ela que fui passar as primeiras férias ao Algarve, era com ela que dormia quando a minha mãe trabalhava por turnos, foi ela que fez o meu trabalho de geografia do sétimo ano, foi ela que me fez o meu primeiro trabalho a computador para a escola, foi com ela que fui comprar as minhas primeiras All Star iguais ás dela, era ela que me fazia rir às gargalhadas até me doer a barriga. É difícil, se não impossível, imaginar a minha vida até aos treze anos sem ela. Foram muitos os dias, os meses e os anos partilhados, as férias divididas e as noites juntas.   
Lembro-me do dia que ela entrou para a Universidade eu sentir muita vontade de chorar. O meu coração estava apertadinho e tinha uma voz que me dizia que nunca mais iria ser igual ao que era. Como se tivéssemos chegado ao fim da estrada e agora éramos obrigadas a separar-nos. E separámo-nos! Eu cresci, acabei o ciclo, fui para o secundário e a vida seguiu. De repente, e sem conseguir explicar como, perdemo-nos o rasto. Eu mudei de casa, a casa dela deixou de ser nos andares acima da minha, e eu fiquei sem a minha inspiração de como era ser crescida. Até 2ª feira passada. Porque há dias que estamos a fazer o trabalho certo, no dia certo, à hora certa. E por intermédio de alguém que conseguiu reconhecer a minha cara desde os dez anos, chegou a mim, e quando me falou no nome dela eu rejubilei. Os meus olhos brilharam, o meu sorriso rasgou-se e o meu coração começou a bater muito depressa. À noite, o Facebook foi a minha lupa de procura no meio de tantas meninas com o nome dela, mas nenhuma tão linda como ela continua a ser. Encontrei-a. E as lágrimazinhas quiseram saltar. De saudades, de alegria, de beleza, de emoção por ver como a vida dela seguiu e de felicidade por vê-la tão feliz. Encontrei-a! Uma semana antes dos anos dela e duas semanas antes dos meus. Foi uma prenda de anos adiantada muito, muito especial. Do fundo coração, posso não receber mais nada, mas também não quero. Encontrei a minha Lili e isso vale mais que todos os presentes embrulhados em papel!  Melhor que a ter encontrado, só quando estiver com ela e lhe puder dar o mais apertado dos abracinhos. Daqueles que são dão ás irmãs de quem gostamos muito, muito, muito!

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