quinta-feira, 10 de março de 2011

Reescrever o passado ou ter de aprender a perdoar


É comum ouvir pessoas dizerem que nunca se arrependem de nada. Que só se arrependeram do que não fizeram, mas de tudo o que tinham feito até então, não se arrependiam de nada. Sempre que ouço isto, sinto-me assim não sei como. Pois eu, arrependo-me de grande parte de coisas que fiz. Não tudo, não sempre, mas algumas atitudes, decisões em determinados períodos da minha vida. E até sou capaz de dizer que durante uma década ali entre os treze e os vinte e quatro anos me fartei de errar. De bater com a cabeça nas paredes. De escorregar e ir ao chão. De tomar decisões e bater no fundo. Dizem que faz parte da vida. Se calhar faz, mas pelos vistos não é para todos. Ou então é mentira quando alguém diz que não se arrepende de nada. Ou se não é mentiroso é abençoado.
Não sei se é o meu lado perfeccionista, mas se pudesse reescreveria tanta coisa da minha existência. Mudava tanta coisa! E sou obrigada a confessar que este sentimento de arrependimento me corrói. A falta de capacidade de nos perdoarmos a nós mesmos é muito penoso. A longo prazo torna-se insustentável. Dou por mim tantas vezes presa ao passado, a lembrar-me de determinadas situações, que me envergonham e me magoam. A sensação de mau-estar é tanta, que só me falta chicotear. O que ganho com isso? Nada. Mas se há coisa que me tenho deparado é que perdoar é difícil. A mente, o corpo, a alma têm todos um tempo próprio para se renovarem. Até completar esse ciclo tenho muito que percorrer. Muitas das más atitudes que tive, a prejudicada fui sempre eu pelas minhas decisões, mas no caminho, e por efeitos colaterais, sei que magoei uma ou outra pessoa. E é tão difícil viver com isso. Não sei se alguma vez terei oportunidade de pedir desculpa a todos que magoei. Porque se não pedi, foi porque não a tive. Mas juro se um dia tiver oportunidade, não desperdiçarei. Pedir desculpa a mim mesma, e aceitar os meus erros, é que é seguramente mais difícil.
Aprender a desfazer os nós que nos prendem ao passado, a aceitar que não posso reescrever nada, conseguir tirar partido do bom que existiu no mau é um processo comprido. E libertador. 
Mas eu ainda estou no processo...ainda não cheguei à libertação.

1 comentário:

Mrs Pink disse...

"E até sou capaz de dizer que durante uma década ali entre os treze e os vinte e quatro anos me fartei de errar.(...)" e não terá sido isto que te faça agora pensar assim?!

Não digo que me não arrependa de algumas coisas, tenho consciência agora que poderiam ter sido feitas de outra forma... mas arrepender, não me arrependo... porque foram essas mesmas coisas que me fazem agora pensar duas vezes antes de agir, são essas coisas que posso ou não repetir...

Mas de forma geral concordo plenamente contigo (como sempre aliás) :)

Beijinhus e saudades*