quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Apenas mais uma opinião sobre o homicídio em Nova Iorque

A semana passada, li no jornal o Sol, a entrevista que a mãe do Renato deu sobre o homicídio de Carlos Castro. Sinceramente, mesmo que não queira ter opinião, mesmo o alegada homicida ter confessado o seu crime, e na certeza de que nunca ninguém saberá exactamente o que se passou dentro daquele quarto, não consigo ficar indiferente à angústia desta senhora. Depois de ter lido a entrevista toda, fiquei com uma pena enorme desta mãe, e eu própria senti-me muito angustiada.
É incrível, como a vida de dezenas de pessoas pode mudar quando se toma uma atitude errada. Quando se escolhe o caminho a em vez do b. Como uma pessoa fica tão vulnerável a tantas circunstâncias que pensamos que podemos controlar e depois tudo se precipita para um caminho oposto. A ironia de acontecimentos ditados por segundos, inconscientes, cegos, confusos e que fazem sempre toda a diferença. 
É quase impossível não se formar uma opinião do crime em si e, sendo uma das vitimas uma figura conhecida, também é complicado não se formar um juízo sobre essa pessoa. 
Pessoalmente, não gostava da postura do senhor, simplesmente porque nunca gostei e continuo a não gostar de pessoas que ganham a vida a esmiuçar e a alimentar curiosos da vida de terceiros, e que tenham especial prazer em incendiar a vida de tantas pessoas publicamente conhecidas. Também sou da opinião que um homem de 65 anos querer ter uma relação com um rapaz de 25, não é propriamente algo muito saudável. E não digo isto por serem dois homens. Se fosse uma mulher/homem de 65 anos com um rapaz/rapariga de 21 continuava a não achar, como efectivamente, não acho. Mas mesmo perante tudo isto, acho que foi uma morte medonha e demasiado! Li a confissão do rapaz que veio impressa numa revista e não tive como não me arrepiar.
Por outro lado, vejo um rapaz aparentemente normal, saudável da cabeça, bem formado, que ao tomar uma decisão mudou toda a sua vida e de todos os que fazem parte dela. Não sei como é que se deixou envolver afectivamente por alguém, que à partida parecia não  lhe despertar interesse, não percebo como é que uma pessoa tão atinada se deslumbrou por um mundo tão efémero e vazio que é a fama, não consigo perceber porque é que não manteve a sua conduta que todos dizem, até então, ter sido irrepreensível. De qualquer maneira, e não servindo de todo de desculpa, um rapaz de 21 anos nesta geração, a viver este mundo, não tem a maturidade de um rapaz de 21 anos à vinte anos atrás. O facilitismo, o mimo, a protecção dos progenitores face à sociedade em si, tornam o crescimento interior muito mais atrasado em relação à idade física. Para mim um rapaz desta idade, é um miúdo. Uns mais ingénuos que outros, uns mais espevitados que outros, mas ainda assim, garotos. Contudo, continua a ser um mistério como é que uma pessoa com características, valores morais e educação tão correctas, se envolve numa situação destas ao ponto de ser o autor da morte de alguém. Uma vez ouvi uma entrevista de um criminologista conhecido do nosso país, que disse qualquer coisa como: "todos podemos escolher a nossa conduta, todos podemos comprometer-mo-nos que seremos pessoas honestas, honradas, que nunca roubaremos, que seremos bons cidadãos, mas há uma coisa que nunca ninguém poderá garantir, é que nunca matará. O ser humano, em determinadas situações não controladas, o matar é uma hipótese." Ter esta consciência de que cada um de nós, em determinadas circunstâncias, não está livre de cometer uma loucura destas, sendo a nossa vida, uma vida de decisões, opções, de abrir portas, de livre arbítrio, é realmente assustador! E ter acontecido a uma pessoa portuguesa, uma situação a que estamos habituados apenas a ver em filmes, dá uma credibilidade e uma proximidade à história que ainda me arrepia mais.
Continuo a dizer que dificilmente se saberá toda a verdade do que se passou entre aquelas paredes, e tendo de facto o rapaz cometido o assassinato, terá de ser punido por isso. Mas essa possibilidade, totalmente justa e correcta, não deixa de me apertar o coração. E o olhar daquela mãe, é algo que me custa muito a suportar. Esta história não tem desfecho bom possível. Será sempre um homicídio onde haverá uma condenação. Mas que seja tão justa quanto possível, com direito a uma defesa competente, e se for possível, que seja cumprida no país onde nasceu, em que não esteja privado da presença da família e de uma mãe, que já tem o desgosto de ver o seu filho transformado noutra pessoa, não precisa de ser impedida por um oceano inteiro.

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