terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cidadania, onde andas tu?

Morar em sociedade, pelos vistos, é algo que nem todas as pessoas têm muito jeito para fazer. O que é triste, porque devia ser algo inato. Começa-se a perceber isso quando os comportamentos das outras pessoas nos incomodam. Sempre me disseram que o ser humano é naturalmente egoísta, e eu juro que batalho contra essa ideia pré-feita. Mas o que é certo, é que no dia-a-dia deparo-me com atitudes completamente estúpidas de pessoas com idade para usarem a cabecinha. É muito fácil começar a discutir a falta de cidadania, para se começar a falar em má educação, má formação e por aí fora. São características que roçam umas nas outras muito facilmente. E esta conversa toda para quê, perguntam vocês! Porque eu de vez em quando, lá tropeço em pérolas de pessoas que se esquecem que mora mais gente neste mundo para além delas. 
Mais de metade da minha vida morei em apartamentos, mas não sei se antes me passava tudo ao lado, ou se grande parte destas atitudes não existiam, ou se a educação das pessoas é mutável à medida que o tempo passa. Não tenho explicação. Só sei que grande parte dos meus vizinhos, tanto de Aveiro como de Lisboa, tem atitudes de bradar aos céus, e não fosse a minha boa educação, deixava fluir a minha veia que ferve em pouca água e não sei o que seria. 
Por exemplo, os meus vizinhos do prédio de Lisboa são pessoas que desconhecem caixotes de lixo. Eu que moro no rés-do-chão é frequente, no patamar em frente à minha porta de entrada, ter o chão com lixo. E porquê? Porque as pessoas que moram nos andares de cima, ao descer as escadas, têm muito a mania de mandar cá para baixo o que lhe der na real gana. Se vierem a comer laranjas, mandam as cascas, se vierem a comer rebuçados, mandam os papéis e se vierem a fumar, mandam as beatas. Ora como são cinco andares para cima, com dois apartamentos em cada lado, eu não consigo a adivinhar quem é a pessoa porca que na casa dela põe o lixo no chão. Sobra-me ligar para o condomínio fazer queixa, e passado uns dias, vejo uma circular nas caixas do correio a chamar a atenção. Mas há mais casos, que isto o que não falta é variedade de gente estúpida. Houve um dia, do mês passado, que cheguei a casa e não tinha água. Liguei para os serviços e qual não é o meu espanto, quando me informaram que um vizinho pediu que se desligasse a água durante o dia todo por estar em obras. Nada contra, se tivesse avisado com antecedência. Mas não avisou ninguém, das cerca de quarenta pessoas, que moram no mesmo prédio que ele. Portanto eu quando cheguei a casa, não pude fazer de comer, não pude beber água, não pude tomar banho até o senhor decidir que a água podia ser ligada! Agora cá entre nós, isto não era resolvido só ao estalo?? Pois era! Ah, e não vou falar dos meus vizinhos de cima, que até eu começar a chamar a polícia todas as noites e ameaça-los com tribunal, aquilo era a rambóia a partir da  uma da manhã. Ao ponto de receber amigos às tantas da noite, que se enganavam na campainha, e tocarem de madrugada para a casa do lado, onde mora um casal de velhinhos. Uma vez, quando fui lá armada em cão raivoso, um dos gajos respondeu-me que era jurista! Não percebi muito bem o que isso queria dizer, tendo em conta que eu mandei desligar a música por serem duas da manhã. Mas nada que uma queixa por escrito na polícia e no condomínio, e uma carta de ameaça de despejo não resolvesse. Ele lá deve ter ido ler aos livros dos juristas a carga de trabalhos que aquilo lhe ía dar.
Agora em Aveiro, a minha terra santa onde se me alegra o coração sempre que venho para casa da mamã, as coisas também não são das mais fáceis. O apartamento do prédio ao lado do meu, que divide as paredes com o meu quarto, são uns barulhentos do caneco. Quantas vezes estou eu no meu quarto a ouvir as conversas, do outro lado da parede, como se estivéssemos todos ali sentados na minha cama a confraternizar. Durante anos e anos da minha vida nunca ouvi um pio, mas de à uns meses para cá ouço de tudo. Depois temos a minha querida vizinha de baixo que se pudesse estrafegava-lhe o cão. E a ela também, vá! Quem mora neste prédio desde que foi construído à uns quinze anos, tipo eu e grande parte dos vizinhos, acordaram que não era permitido cães por causa do barulho. Pois este casal de alminhas, que vieram para cá à pouco mais de um ano, têm um cão a pilhas que tem tanto de feio como de irritante. E a dona também. Começou logo por implicar com os moradores dos andares de cima, que ao estenderem a roupa molhavam os parapeitos das  suas janelas, coisa que ela não gostava!!! O parapeito, esse grande ícone da decoração de uma casa, que tanto quanto sei fica do lado de fora de uma janela. Mas pronto, a senhora não gosta do parapeito molhado,- sabe Deus a crise de nervos que não terá quando chove,- mas não se preocupa com o estúpido do cão que passa a vida a ladrar sejam duas da manhã, sejam duas da tarde. Uma pessoa sobe as escadas ele ladra, uma pessoa entra no prédio ele ladra, uma pessoa está em casa a querer silêncio, e ele está a ladrar. Ora isto não dá vontade de lhe passar com um roda por cima quando o encontrar no estacionamento? Ah pois dá! Chama-se doença do pneu, e tenho cá para mim que este maldito cão, não tarda nada vai ser diagnosticado com uma doença dessas. Ai vai, vai!

1 comentário:

fusion point disse...

Isso é que foi um desabafo!!! ahaha :D