quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Corrupção, aonde?

No que se trata de economia, de macroeconomia, de gestão eu sou uma burra. Totalmente ignorante. Tenho um namorado praticamente gestor, que todos os dias me fala de IVA, de acções, de transacções e eu vou-lhe dizendo que sim com a cabeça, mas na verdade aquilo faz-me tanto sentido como um elefante a olhar para um Picasso. 
Mas uma coisa eu sei. Sei, porque a minha mãe educou-me que todas as pessoas trabalham com o intuito, de ao fim do mês, receberem um salário para se sustentarem. Para poderem comer, pagar as suas contas, para comprar aos seus filhos tudo o que for necessário. Ensinou-me também, que de todo o salário que recebem, depois de terem as contas pagas, devem guardar um pouquinho desse dinheiro. Até pode não ter nenhuma finalidade imediata, mas que se guardarmos todos os meses um pouco, ele vai crescendo. 
Nunca mais me esqueci, de um dia, estar com ela às compras e uma senhora conhecida ter-me dado uma moeda de cinquenta escudos. Oferecia-me uma, sempre que me via. Claro que adorava encontrar a senhora sempre que íamos ás compras, e que as moedas duravam poucas horas no bolso. Se queria uma guloseima, sentia-me riquíssima com os cinquenta escudos e lá iam eles! Numa dessas vezes lembro-me de querer comprar alguma coisa e já estar com a moeda na mão até a minha mãe ordenar-me que a guardasse. Eu disse-lhe que não, que a moeda era minha e que por isso podia gasta-la no que quisesse, ao qual a minha mãe respondeu-me "e o salário que recebo também é meu, posso gasta-lo todo e tu não comes." Já não sei o que senti na altura, mas sei que a moeda foi direita para o bolso e eu nunca mais esqueci essa frase até hoje. 
Ora o que eu quero dizer com isto tudo não é que seja uma pessoa poupada, que não sou lá muito, não. Mas não gasto o que não tenho. Não gasto o que não é meu. E não roubo para ter! Que é basicamente o que se passa neste país. Custa-me, de verdade, que no alto dos meus 27 anos e com uma vida inteira pela frente, tenha uma noção tão má de como este país é gerido. Não consigo perceber como é que um país tão pequeno, que se diz tão católico e bons costumes, tão cheio de moral, seja governado por um sistema político que apodrece as pessoas. Não querendo acreditar que foram pessoas podres que fundaram este sistema político.
À muito tempo atrás, li numa entrevista da Drª Maria José Morgado que tinha visto muitos políticos a chegarem aos partidos com os trocos contados e que os viu a sair com grandes fortunas. Que país é este que é feito de corruptos, que põem dinheiro ao bolso sem qualquer tipo de vergonha na cara e são capazes de ir à televisão dizer que vão à missa aos domingos? Que país é este que gasta dinheiro descaradamente em luxos próprios, que têm uma constituição que os protege de gastar milhares de euros em carros e sempre que se muda o governo, à que trocar de cortinados e redecorar os escritórios? Que país é este que tudo o que é provisório demora dezenas de anos, em que há derrapagens orçamentais de milhões, em que obras demoram o triplo do tempo a serem feitas e em que os trabalhadores vão  à casa de banho com o jornal debaixo do braço?
Sou completamente a favor do trabalho remunerado decentemente, de acordo com as qualificações e produtividade. Sou! Passar anos numa universidade, a querer saber mais e mais para poder empregar isso cá fora é um bem para o país e é assim que as pessoas bem qualificadas devem ser vistas. É um dever receberem-nos bem e pagarem de acordo com aquilo que fazemos, da mesma forma que é um dever nosso trabalhar com dedicação e empreendedorismo sem nos acomodarmos. Mas, Portugal merece mesmo que cumpramos com o nosso dever quando não há quem respeite os nossos direitos? O barómetro global da corrupção, desde 2007, refere que os portugueses acreditam num aumento de 83% de corruptos na classe política. É impossível não concordar. E o mais revoltante é que é feito à nossa frente. E não há ninguém que vá preso. Não me lembro nunca de ligar a televisão e ouvir que o país está  com os cofres cheios, todos irão ser aumentados e que todos os sistemas públicos têm verbas para tudo o que precisamos.
A desonestidade de quem procura uma pessoa para um acordozinho debaixo da mesa, que vale milhares de euros, e a ganância de quem aceita o tal acordozinho para enriquecer mais depressa, é uma pescadinha de rabo na boca. Porque passar de pobre a rico todos sabem, de rico a pobre é que ninguém quer.
 A juntar a pessoas que não sabem governar com o que têm, e dos dez que possuem gastam mil, assim, continuaremos a ser o país do "cá estamos, vamos andando, isto é uma miséria, venham de lá os subsídios". Sempre ouvi dizer que dinheiro qualquer burro o ganha, mas não é qualquer burro que sabe gasta-lo. E  burros no Governo é o que não falta!

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