segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Dois dias

Não sei. Não sei mesmo por onde comece. Tive dois dias sem internet, dois dias sem escrever, dois dias cheios de acontecimentos, dois dias que me trocaram as voltas ao coração, dois dias...
A vida fala connosco de maneiras estranhas. Um dia acordamos e temos a nossa vida de pernas para o ar. Tudo aquilo a que estamos habituados, todas as pessoas que fazem parte da nossa vida e, principalmente, do nosso coração, os gestos, os hábitos, o carinho, as atitudes, de repente desaparecem. Somem-se. De uma forma tão inacreditável, que pomos em causa se algum dia existiram ou se foram apenas fruto da nossa imaginação. Que fomos nós que acreditamos naquilo que quisemos acreditar. E isso deixa-nos tão tristes, tão zangados, tão magoados até aceitarmos que pouca coisa está nas nossas mãos e resignarmos  a que, se calhar, grandes coisas da nossa vida têm prazo de validade. Dizemos isso tantas vezes até acreditarmos e ajude a que doa menos. Nunca deixa de doer, mas aprendemos a viver assim. 
Um dia acordamos e tudo muda outra vez. Recebemos um telefonema, um convite, os dias passam e parece que tudo se encaixa na perfeição como se nada tivesse saído do sítio. Jantares descontraídos, conversas cheias de carinho e preocupação, encontros sem estarmos à espera, o mimo de outros tempos, músicas dedicadas por quem se lembra da banda sonora de muitos momentos e, tantas outras coisas em que o coração se acalma e pensa que talvez tudo volte a ser como era. Quando estamos à espera que estes dias aconteçam, pensamos em muita coisa que gostaríamos de dizer às pessoas envolvidas. Verdades nossas que achamos que devem ouvir para que tenham noção do quanto nos magoaram. Mas nestes dois dias, aprendi que aquilo que é realmente genuíno não necessita de frases que magoam ou um apontar de dedos. Quando há aquele abraço apertadinho, aquelas brincadeiras comuns, aqueles gestos que conhecemos tão bem, não precisamos de mais nada. 
Talvez maior parte das coisas que fazem parte da nossa vida, tenham  mesmo um prazo de validade. Mas não quer dizer que acabem. Pode ser só o ponto de viragem para uma relação mais madura, mais desprendida, mais respeitada e mais independente. Porque tudo o que é grande e profundo, nunca desaparece.

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