quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

De trás para a frente

A vida bate sempre certo. Esta frase acompanha-me à uns bons anos. Fazia-me sentido. Agora não sei se ainda faz. Às vezes tenho dúvidas. Quando tenho aquela sensação que, pelo menos a minha vida, anda no sentido contrário dos ponteiros do relógio, como se vivesse as coisas de trás para a frente. Mais ou menos como a vida do Benjamin Button que nasce velho e morre bebé. 
Como é que a vida vai bater certo a alguém que começou por ser uma criança com responsabilidade de adulto e que quando é adulto só lhe apetece mandar tudo ás urtigas, porque quer ter a liberdade de uma criança? É possível ter saudades do que nunca se teve? Eu tenho saudades de ser descontraída, relaxada, despreocupada, menos medrosa, menos controladora, menos impaciente, sem a obsessão de que tudo tem que sair como eu imagino que deva sair. E as expectativas? É um vírus. Um vírus que consome e destrói. Que estraga qualquer coisa bonita, só porque imaginámos que tudo se passaria de maneira diferente. E porque nos tolda a visão de ver a beleza do que se passa, só porque é diferente daquilo que a nossa cabeça teima em possuir. Respirar. Às vezes esqueço-me de respirar. E às vezes apetece-me ceder. E descansar de tanta luta. Porque apesar de agora ser a idade de lutar, ás vezes acho que gastei toda a minha energia na altura das bonecas e dos baloiços. E agora dava tudo para viver o que não vivi. Porque vivi o que devia viver hoje, na altura dos baloiços. Mais ou menos como Benjamim Button. Só que não vou morrer bebé.

2 comentários:

Diana Oliveira disse...

Se isso te tornou a pessoa que és hoje, vale muito! :)
Di

Sandra O. Pereira disse...

E a isto tudo se chama amadurecer.
Vais-te apercebendo que a vida vai ficando com outras cores mais vivas em todos os sentidos: mais coloridas e vivas na felicidade, mais tristes e carregadas na tristeza. Mas vale a pena crescer, guarda é a marotice e leveza da juventude para dares umas valentes risadas quando for necessário ;)