segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Les aventures de Andreia Poulain- Parte I

Duas revistas, um livro e o mp3 cheio de chill out. Tudo para me distrair e afuguentar as ideias tenebrosas que tenho sempre que ando de avião. Nada fez efeito, como já suspeitava. Quanto mais ando, mais medo tenho. E esta coisa de viajar sozinha, em que tenho de me comportar como adulta, sem me poder dar o chilique mais me enerva. Com uma hora de atraso, lá entrei para o tubo com asas e juro que tentei ler tudo o que tinha levado, mas não me conseguia concentrar em nada. Olhava mais vezes para o sinal luminoso do cinto e para o relógio, do que para as cusquices das revistas cor-de-rosa. Na altura de aterrar, estava alguém atrás de mim que em vez de respirar arfava. Se eu estava morta de medo, essa pessoa estava mesmo convencida que o avião se ía dividir como legos. Ora quando ele aterrou no meio de tanta neve, não tive como controlar as lágrimas de alívio a caírem-me pela cara. Estava tudo branco menos o alcatrão onde aterrámos. Sou uma medrosa do caraças, portanto fica aqui o meu agradecimento público ao Comandante, aos limpa-neve e ao controlador aéreo que se manteve muito atento.
Uma seca do caraças à espera das malas. Dois voos no mesmo tapete, malas quase todas iguais e eu com olhos muito abertos para reconhecer a minha, que não era minha, mas sim do pai do namorado, que era grande suficiente para caber todas as camisolas cá de casa. Depois de encontrar a mãe, que chegou meia hora mais cedo que eu, e a tia M.,pusemos o nariz em Paris. Seis graus negativos, a nevar e a minha mãe, entre a porta do aeroporto e o carro, a amaldiçoar entre dentes, a decisão de ter ido para dentro de um congelador. Eu estava em êxtase, pois claro!
Na véspera de Natal, vestimos toda a roupa que conseguimos e apanhámos boleia do tio que nos deixou na rotunda do Arco do Triunfo. Cinco graus negativos e a nevar. Fingimos que isso não nos incomodava e começámos a descer os Champs-Élysées, muito agarradas uma à outra a ver se o frio não se aproximava de nós. Íamos geladas, mas felizes. De vez em quando entrávamos dentro das lojas para nos aquecer. Uma delas foi a Louis Vuitton que nos confirmou quão pobres éramos. O preço mais barato que vimos começava por mil e qualquer coisa euros e era um lenço pequenino. A minha mãe babava-se pelas carteiras e sapatos e eu pelos vestidos e botas. A loja estava cheia, os funcionários andavam num corropio, haviam filas no balcão e grande parte dos clientes estavam a fazer compras. Todos eles novos, chineses e cheios de sacos. E nós as duas, voltámos a realidade quando saímos da loja com as mãos no bolsos e a tremelicar de frio outra vez. Continuámos a descer a rua até à Concorde, onde havia um mercado de Natal, com muitas barraquinhas típicas de vários países. Vimos tudinho, fizemos uma compra de natal de última hora, bebemos um chocolate quente, eu babei-me nas barraquinhas que tinham cascatas de chocolate e doces. A neve foi ameaçando cair com mais intensidade e passado duas horas de termos chegado à rua, enfiámo-nos no metro rumo a casa. A  preparação da consoada estava à nossa espera.









 

1 comentário:

Pequenos e divertidos disse...

Entre os vestidos e os chocolates já se estava mesmo a ver e imagino a tua cara a ver tudo isto :)