terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Presidenciais

Se existem coisas que sempre achei uma perca de tempo, são os tempos de antena reservados a partidos políticos, principalmente em época eleitoral. Não é que não façam falta, mas pela forma como são aproveitados. Mas, sinceramente, não me lembro de uma campanha política tão má, como estas presidenciais.
Dos seis candidatos que estão na corrida à Presidência da República não há um que me convença totalmente, que ao ouvi-lo pense "é isso mesmo", com ideais que façam falta a este panorama actual do nosso país, que sejam pedagógicos a fazer campanha, que demonstrem real preocupação em melhorar a nossa realidade, que tenham coragem, que sejam determinados, que sejam cidadãos e não políticos, que sejam sérios. Não encontro, em nenhum candidato, uma postura com a dignidade que este cargo exige. Pelo menos como o Dr. Jorge Sampaio tão bem a soube ter. Às vezes ligo a televisão e fico parva com aquilo que vejo. Guerrinhas, arrufos, troca de acusações entre um e outro político, mais parece que estou a assistir a um programa de adolescentes do secundário. 
Sendo os tempos de antena e as campanhas políticas espaços para informar e ajudar os eleitores a decidir, qual é o nosso interesse ouvir o Cavaco Silva e o Manuel Alegre  numa troca de insultos. Depois existem candidatos como o José Manuel Coelho do PND e o Francisco Lopes do PCP que têm como função, simplesmente, falar mal de tudo e de todos e relembrar-nos que este país está uma miséria. Sobram dois, que ainda são aqueles que me despertam alguma simpatia por não estarem ligados a nenhum partido político e eu acreditar que  são cidadãos normais, que ainda não estão apodrecidos pelo sistema, e que têm uma noção real do que tem que ser feito sem intuito de enriquecerem depressa. Simpatizo em particular com o Dr Fernando Nobre pela humanização que tem tentado dar à sua candidatura, no sentido de ter noção real do que este mundo é, em variadíssimas vertentes. Infelizmente, não é segredo para ninguém que se não houver uma grande máquina política atrás de um candidato ele não terá grandes hipóteses de vencer. E é por isso que nunca saímos do mesmo. Entre um e outro partido, apenas se revezam e pouco ou nada poderemos esperar de cada um deles.
Este país não é só pequenino em tamanho, é pequenino em idade também. As mentalidades teimam em ser teimosas, em repetir padrões, preguiçosos e descrentes. Os trinta e seis anos que passaram desde o 25 de Abril, parece que ainda não são suficientes para  uma consciência do poder que realmente temos, quando estamos com um boletim de voto nas mãos. Os mais antigos votam sempre no mesmo partido numa forma quase automática, sem reparar se aquilo que é defendido ou a pessoa que lá está merece ou não esse crédito. Aliás, para muitos até era preferível que o Salazar renascesse e pôr na mão de uma só pessoa o destino de todos nós. Os mais novos, não acreditam em nada que venha de um político. No geral acham a política uma seca brutal, que nem se dão ao trabalho de ir votar, não tendo qualquer respeito pelo facto de alguém, um dia, ter lutado por nós, que já nascemos depois, para podermos ter voz. Não sabem o poder de um voto em branco e também não estão preocupados em saber. 
Podia ser tudo tão diferente, se houvesse pedagogia na classe política e se os tempos de campanha fossem bem aproveitados. Podia ser tudo tão diferente, se houvesse uma consciência política mais humana e mais séria. Podia ser tudo tão diferente se alguém se preocupasse realmente com este país e com quem cá mora. Podia ser tudo tão diferente se...

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